Por horas deixa-me aflito, perdido,
Na grandeza deste mundo,
Leva-me para ti, na enormidade de teu amor,
Deixando para trás o pó sofrido nas travessias.
Transformando-me em tua ilha,
Trocando o caminho em que passeio
Pela margem oposta de tua razão;
Como uma flor que resiste ao deserto
No caule do cacto cheio de espinhos;
Assim, deixa-me desolado
sobre o beiral da tua janela dia e noite.
Mata-me com o teu fogo desejado
que apaga as estrelas e esquenta o sol,
Queimando-me na presença dos teus lábios rubros,
Na visão repentina de um olhar...
Cega-me com o teu brilho estonteante
no descortinar da minha retina,
Quando decides no meu âmago
simplesmente, sem respostas, espairecer.
E do teu jeito, leva-me aos escombros desse prédio
erguido a sombra do teu ser,
Envolto pela tua implacável devastação,
Entre árvores caídas com as raízes expostas;
Mas fazes com candura,
Na perdição de um abraço que logo se vai...
Doce como o teu olhar e o beijo na face macia
que atrai o meu sonho mais singelo.
Apesar do calor que sinto,
A frieza morta do teu coração me angustia,
Minto que jamais me levantarei.
Mas, dia após dia, a memória de um lírio amarelo
deixarei em tua porta,
Para que não confundas o meu amor
com a tua pessoa amada e tudo a que me levas.
Então conserva esta lembrança severa,
Como se fosse as cordas do cais em que me amarra,
Diante do oceano que me espera.
O silêncio também fala, fala e muito! O silêncio pode falar mesmo quando as palavras falham. -Meu amigo Chandra