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Sergio Neves

ISABEL

 

 ISABEL

 

...quão enganoso me foi, por esses tempos afora, esse meu, hoje, combalido coração!...impercebido sempre passou-me o todo das suas artimanhas...,...pelos caminhos do amor foi-me feito seguir rastros insensatos por demais,...um não sei quanto de paixões a mim foram postas, crendo-me que paixões verdadeiras me eram,...e em cada uma delas tão inadvertido entranhei-me que um \"os Céus enfim me atenderam\" era o que eu sempre estava a imaginar...,...ah!...quanta inocência!...e hoje, em que apartado fiquei de um acalento qualquer, vem-me a bater no peito o que de verdade deixei por esses errados caminhos...,...e nesses versos que aqui derramo, esse meu lastimoso pranto revelo:

 

Já houve -em tempos idos, 

Mil amores por mim tidos.

Amores de pouca esperança

-Amores de reles lembranças,

Amores perdidos, enfim,

Sem serem amores de mim.

 

Mas, há no peito um aperto,

Por, desses amores tantos,

Ter-me um -no tempo ficado,

Que, de mil, teria sido

O menos mal resolvido, 

Se não também maltratado.

 

E nesses tempos de agora,

Em que, de mil amores nenhum

Ficou a querer me afagar,

Sinto, sofrendo, o que fora,

Como se fosse mais um,

Joguei -por de amores brincar.

 

...e a quem, sem saber, amei,

nessas quimeras deixei.

 

...perdi você, Isabel!

         

                                Sergio Neves