LEIDE FREITAS

OUTONO!

OUTONO!

 

 

Meio século e seis anos

passaram todos esses anos

e eu não percebi o óbvio

Eu vivi, mas vivi por viver

Todos os malvividos anos 

na exaustão foram gastos 

na luta da sobrevivência

Não fui feliz. Só vivi.

Não consegui atingir as metas

que tracei para realizar 

Crente que atingiria o auge

que encontraria a felicidade

no cume da mais alta montanha 

mas a montanha sempre fugia 

e no cume eu nunca cheguei…

Meio século e seis anos

de incontáveis enganos

de quedas e recomeços 

de sonhos irrealizados

Meio século e seis anos depois 

é preciso reavaliar o tempo perdido

o que na vida realmente importa

Mas o que de fato importa?

Os amores que perdi

A chácara que não comprei

Os filhos que não tive

Os gatos que não criei

Os livros que não escrevi

As árvores que não plantei 

O que eu fiz de bom e verdadeiro?

Ajudar pai e mãe está na conta?

Ajudar as irmãs na criação dos filhos?

As companheiras de trabalho?

Ajudar o próximo quando dar?

Orar pelos mais necessitados?

Meio século e seis anos depois 

ainda não desisti de sonhar

ainda não desisti de amar 

mas agora o foco é diferente

é querer estar viva e presente

em alguns corações humanos

pois chegou plenamente o Outono 

é preciso registrar minha história

antes do derradeiro sono.

 

Leide Freitas