Jose Kappel

A Corda e o Coldre

 


Feltros sem cor definida
se espargem e cobrem
o caminho de pedras,
ao vagar do vento doce
de primavera,
suavizado pelo sol ameno,
que rebate colorido
o vôo dos pássaros.

Nada mais pode
nos separar,
nem os frutos amargos
da vida,
nem as brumas de
inverno, que se acotovelam
ao sopé da montanha,
que a guarda inocente,
sem saber que ela, mais atiça, 
inicia o caos, quando
começar o seu vago.

E já são tão populares as perdas,
que se disseminam em cada um
de nós;
já é tão popular a ferida
que se abre ao breve adeus,
sem palavras, sem sentido,

E as perdas são solitarias e avessas.

 

Lápides silenciosas guardam lá
seus segredos,
ruminam ansiedades de vida,
mas a alcova eterna as prende,
num céu convulso,
onde a metade é luz e outra
é breu.

E nesse caminho,
sigo eu:
de chinelas de palha
procurando atravessar
toda esta relva,
que, para mim , é meu início,
feito e bordejado no céu,
pra nunca mais acabar.

Sou fruto da corda
e do coldre,
faço da vida meus
sonhos sem nome;
sou fruto de feltro
e do feiticeiro azulado,
e me apaziguam somente
as ideias de que não estou
mais aqui.

Quem vive aqui é outra pessoa. Minha sombra teimosa é que rumina me passado