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VĂȘnus

Mentira

Fugi de casa,
Deixei meus pais,
Terminei com o namorado. 
Pintei o cabelo de azul, 
Coloquei um piercing no nariz
E fiz duas tatuagens,
Uma delas é o seu sobrenome. 
Comprei uma garrafa de vodka
E um maço de cigarros,
Bebi até não sentir meus pés,
Até ver o seu rosto
No lugar do moço que me beijou.
Acordei numa cama estranha,
Ao lado de alguém que nunca vi. 
Ele era loiro, cabelos cacheados e olhos claros, lindo como um anjo. 
Não sei o nome dele e nem quero saber! 
Ele não é você, afinal. 
\"Gatinha, que idioma é esse?\"
Perguntou o cara, olhando pra minha tatuagem nas costas, a do seu sobrenome.
\"É alemão!\" Respondi secamente, me vestindo. 
Voltei pras ruas, fui num bar, bebi mais um pouco.
Usei drogas pela primeira vez.
Fui numa rave, fiquei com outras garotas. 
Dancei a noite toda, como nunca tinha dançado em minha vida.
Me banhei no mar de madrugada
Com outras 5 pessoas que não conheço, completamente nua.
Estávamos todos nus, chapados e excitados. 
Nessa mesma noite, invadi uma loja e roubei um pacote de salgadinhos.
Me sentei com outras pessoas na beira de um telhado 
E comemos enquanto cantávamos um rock.
No final da música... Saltei da vida, arrependida de tudo. 
Apesar de ter feito tudo o que os outros jovens fazem, eu me senti péssima.
Quão grande  seria a decepção dos meus pais? E você? Me perdoaria? 
Aquela não era eu, não gosto dessas coisas, dessa vida desregrada.
O frio na barriga ficava mais forte enquanto a minha cabeça ia se aproximando do chão duro da calçada.
Os gritos das pessoas ao redor, me vendo cair, como uma sinfonia aterrorizante. 
Até que... Eu abri os olhos, assim que ouvi o \"crac\" da minha cabeça se quebrando no chão. 
E adivinha? Eu estava viva e em minha cama, longe de tudo, sem tatuagens, piercing ou cabelo azul. Aquilo tudo não passava de um grande pesadelo, uma mentira que meu cérebro resolveu me contar no dia primeiro de abril. E que mentira braba. O meu namorado nem é aquele do início do sonho!