Assim sou eu:
filho de dois pares,
de pai ferreiro e
mãe dengosa.
Por isso,
sou só isso,
e sou assim.
De dia sou sonhador,
mas sem posição definida.
À noite sou pescador
de vidas e,
caço, para alimentar
meu espírito.
Vou levando minha vida
igual a ave ensinada:
falo quando tenho que falar;
me calo, quando, só quando de dor espio a
dor que corrói meu peito.
Assim, senhoras e
senhores,
de afagos estou
precisando.
Pois de vazio e solidão
faço minha mala de vazios
e procuro meu caminho.
E do outro mundo
que não rabisquem,
toda hora a minha vida
dentro
da sombra dela.
No meu caminho
agora, pra todo mundo,
sou um bloco de rascunho,
onde todos vêm brincar
no meu raso brilhante,
nas minhas flores sem rumo !