Vamos gritar todos juntos.
O mais alto que pudermos.
Vamos berrar até perdemos.
O fôlego, a vergonha, a apatia.
E que esse grito seja o último.
Bramido, clamor, suspiro.
Vamos guinchar em rogos de revolta.
Para que o céu acorde de seu sono.
Covarde, egoísta, indiferente.
E escute a súplica dos deserdados.
Vamos vomitar com esse grito.
O ódio, o medo, a ignorância.
Expelir de nossas entranhas.
Em golfos tóxicos hemorrágicos.
Toda a lama imunda de nossa essência.
E por fim, acordar do pesadelo.
De uma existência que nunca teve sentido.
Convulsivos, coléricos, ébrios de loucura.
Abandonando o fardo dessa escravidão.
Se exilando no silêncio para sempre.