A vida é para mim
um axioma improvável
a manifestação da incompletude
no teorema de Godhel
a inquietação insondável
no fôlego de um orgasmo
Uma Impressão não
não agarrada,
escapada
como fumaça
pelos dedos
banal e imprescindível
como as intuições vadias
A vida é uma sensação
espontânea, feito
o incômodo de
algo parado na
garganta, que
não se engole
nem se cospe,
é como a coceirinha
invisível que tendo mãos
não se alcança o alívio
e ninguém nunca por nós
acerta o alvo para nos curá-la
a tempo da angústia existencial
Viver é a adicção do
incapiturável agora
o barato
da vida vicia
porque dura
tanto quanto
a baforada de
um trago
A vida real
impermanente
e improvável
morre o tempo
todo agora
de um gesto,
de um riso
de um gozo
O que nos permanece
é fissura ou memória