O Cortiço Era o Autorretrato Desenhado!
Havia uma única luz no Lumiar!
Serena era a noite, e a lua enamorada…
Registrava uma merencória fotografia
Onde casais namoravam em duplo sentido…
Quão belo era seu anoitecer… quimera!
A noite parecia estagnada, seguia a garoar
Enquanto a solidão absorvia a madrugada.
Na estrada via-se o reflexo, espelho d\'água!
E no sobrado o pensar acessível em divagar
— Havia silêncio e também sussurros
Sussurros dos ventos, também urros…
Uma sombra ríspida atravessava a esquina
Em diagonal para outro lado da estrada
O reflexo… era de um animal faminto!
Já não tenho certeza, apenas minha insônia
Aos olhos da imagem, seguia desalento…
O cortiço era o autorretrato desenhado!
Muito depois a lua desfez seu lagrimar
O céu estampou, fez as estrelas testemunhar
Luzes adentrar, abriu-se à janela da solidão
Todavia, a imagem retrata a ilustração!
E o cortiço era o autorretrato desenhado.
_ Ernane Bernardo