Chove lá fora
E em frente à janela vejo roupa estendida
Chove lá fora e a roupa vai-se encharcando
Chove lá fora
E lá fora a roupa vai-se molhando
Gostava de falar para os vizinhos
Para lhes avisar que lá fora chove
Como dentro de mim a água jorra
Como dentro de mim trinam os sinos
Como dentro de mim os pardais cantam
Como dentro de mim chovem dois cântaros
E lá fora chove
Enquanto deitada sobre a cama
Aguardo que pare a chuva
Aguardo que passem anos.
Parte 1 (Ana)
Chove lá fora
Tudo se dissipa
Medos, falsidades, dores,
Observo da janela lateral
Meus amores em correntezas
Findarem
A chuva ganha volume,
Ensaio tomar um banho lá fora,
em seguida recuo,
Melhor ter cautela
Do que gripar,
Sinto uma vontade louca de gritar
Sou tímido demais para tanto,
Alguém em seu guarda-chuva, me olha,
Ah, os guarda-chuvas, são tão limitados nestas horas,
Volto a varanda;
Fico olhando a passar por mim; roupas, vizinhos, sinos, pardais, cântaros, cama, e os anos.
Parte 2 (Shimuel)