Ema Machado

Sem raízes…

Sem raízes…

Ema Machado 

 

Eles, nasceram de uma raiz

Em um tempo de frondosas árvores

Duro solo, porém feliz…

Hoje vêm os filhos tornarem-se folhas vazias

Ao movimento do vento

Não há para eles sustento

Deixam-se levar…

Eles, inventam movimentos

E nem mesmo sabem voar

Não observam aromas ou cores no ar…

São tão frágeis, desintegram-se

na primeira tempestade

Apenas, deixam-se levar

Há um sol lá fora, que o vento

tenta arrefecer

Há flores nos campos, em sua

pressa, as folhas enxergam, sem ver…

Há tanta vida por aí afora, e as folha se dobram

vazias, encolhidas…

Quem escreverá nelas um futuro? 

Quem, quem proverá os campos?

O vento, fez-se traiçoeiro

Há folhas manchadas por todo canto…

Árvores receosas contemplam seus rebentos, 

suas carnes ao movimento do fósmeo vento

Não são ouvidas, são apenas células, 

restos de madeiras retorcidas que o tempo levará.

Pobres folhas, não têm mais raiz!

O vento é condutor a um tempo

Infeliz…