O trem longuíssimo,
incansável,
no pátio á manobrar,
“rodando pra lá e pra cá”,
ia puxando os vagões,
sua carga,
seus varões,
arrastando pelos trilhos da vida
a vida da carga humana.
Atravessando a malha urbana,
cortando cidades, bairros e vilas,
vai levando a esperança,
pra deixar a dor da insegurança,
que queima nos corações proletários.
Máquina de aço,
aço de homens
que fazem a estrada rodar,
comendo o cascalho da vida,
o lastro,
o trilho, a estrada,
seu repasto...
Massa de homens
fazendo a vida girar,
girando as rodas nos trilhos,
trilhando a estrada sem brilho
seguindo até o infinito,
então, perdendo no tempo, seu grito.
Homens de faces marcadas,
de “almas mal lavadas”,
esperam o trem do destino,
vencidos no cruzamento da linha,
deitados sobre os dormentes
de qualquer Via Permanente...