Helio Valim

Via Permanente

 

O trem longuíssimo,

incansável,

no pátio á manobrar,

“rodando pra lá e pra cá”,

ia puxando os vagões,

sua carga,

seus varões,

arrastando pelos trilhos da vida

a vida da carga humana.

 

Atravessando a malha urbana,

cortando cidades, bairros e vilas,

vai levando a esperança,

pra deixar a dor da insegurança,

que queima nos corações proletários.

 

Máquina de aço,

aço de homens

que fazem a estrada rodar,

comendo o cascalho da vida,

o lastro,

o trilho, a estrada,

seu repasto...

  

Massa de homens

fazendo a vida girar,

girando as rodas nos trilhos,

trilhando a estrada sem brilho

seguindo até o infinito,

então, perdendo no tempo, seu grito.

 

Homens de faces marcadas,

de “almas mal lavadas”,

esperam o trem do destino,

vencidos no cruzamento da linha,

deitados sobre os dormentes

de qualquer Via Permanente...