Há manhãs embevecidas de nódoas formadas pelo declínio humano da minha parte que parecem não me deixar estar. Desço as persianas na tentativa de não obter a visão do inferno logo cedo, como sempre fiz. Como sempre evitei. Tal como nunca outrora tentei. Nunca tentei me livrar disso. É o peso que carrego comigo.
O peso de saber que por vezes as folhas amanhecem plácidas, mas sem vida. Assim como a lua, sem brilho visível e sem algures estima. A mancha cobre todo e qualquer resquício de longevidade em mim, que sigo pendura à sombra. Arrastando-me nas penumbras do que se chama existência, com uma certa irreverência e repleta de incongruência.
Apesar de tudo, assim como as nuvens carregadas e os mares e os seus peixes mortos, estarei fadada a existir entre os arames disso tudo, que levar-me-hão para além do abismo; contemplá-lo de cima e seguir em metonímia. A tristeza fértil; a sombra que resplandece à noite; o calar da voz que faz o coração tributar.
À vista disso, escalo. Escalo também os dedos no teclado, como um mero vigia solitário sobre a minha lua-anseio e aquém dos meus devaneios