JOHNNY11
Poema 19
19 anos
Foi quando me tornei poeta
Comecei a ganhar pela mestra poesia
Uma paixão secreta, não assumida
Não estava nos meus planos
Ganhar pela mestra poesia
Uma paixão secreta, não assumida
Acontece que ganhei
Sem que nada pudesse prever
Poemas, eu dei por mim a escrever
Mas não uns poemas quais queres
Poemas da minha autoria
Escritos com a minha caligrafia
Poemas de amor, drama, terror
Alegria, de causar furor e fantasia
Todos os dias me sentava no chão da escola
E lá me punha eu a escrever menos com a cabeça e mais com o coração
Dizia eu para a mestra poesia
Mestra poesia, porque é que eu te amo tanto?
Mestra poesia, será pelo teu encanto
Mestra poesia, se ao menos soubesses o quanto eu te amo
Mestra poesia, deixa-me te mostrar o quanto
Mestra poesia, aos 19 anos foi ela quem me acolheu
Neste mundo de hipocrisia foi ela me acolheu
Como se eu fosse um refugiado, acabado de chegar a Portugal
Nunca me senti tão bem tratado desde o tratado de paz entre Portugal e Castela
Aos 19 anos não sei como nem porquê escrevi uma quadra
Meus amigos diziam, João tu vende essa quadra na feira da ladra
Vai valer imenso dinheiro mas eu nem tinha jeito
Ou então tinha mas desconhecia esse feito
Continuando.. passei da escrita para a declamação
Mas continuava o mesmo puto tímido e reservado
Declamava poemas debaixo da minha cama
Declamar poemas perto dos meus pais era coisa que me deixava enervado
Então foi assim que ganhei fama
A declamar poemas em segredo
Até eu estava surpreso comigo mesmo
Como podia eu aguentar tanto tempo
A mentir a quem eu mais amava
A quem dedicava do seu tempo a mim
Era algo inexplicável que só um poeta pode sentir
Um poeta que sabe ver além do ser
Um poeta que sabe beber das palavras que escreve
Um poeta que sabe converter lágrimas em sorrisos
Poucos juizos de valor e o mundo seria bem melhor
Sou poeta de mente aberta, escrevo o que o quero, quando quero e bem me apetece
Não escrevo para dar nas vistas, nem para aparecer em entrevistas e muito menos
Para aparecer nas primeiras capas de revista
Seria poeta de mente fechada, se dissesse o que os outros querem ouvir
A música que está fora do compasso, o passo acelerado que não espera por ninguém
Seria poeta de mente fechada, ai seria se não tivesse em mim a semente plantada
no cérebro, se tivesse a semente plantada no cérebro, seria mais do que um relacionamento efémero seria um misto de sentimentos promíscuos.
Aos 19 anos me tornei poeta, dizem que é como andar de bicicleta, nunca se esquece
Já não me lembro como pedalar, quanto mais falar, quanto mais escrever o que me inquieta, bicicleta tem a diferença que tem rodas é sentar puxar pelas pernas, a poesia puxa-se pelo dialeto, pelo politicamente correto, puxa-se sobretudo pelo intelecto, mas eu sinto vida quando declamo, sinto meu corpo, todos os meus sentimentos se envolvem num todo, cabeça tronco e membros. talvez esteja com poesia pela cintura, talvez ela esteja à mesma altura que eu, na verdade não a conheço tão bem, não sei se o amor que ela me tem é o mesmo que lhe tenho, a poesia é do tamanho de um tijolo para mim, é assim que eu a vejo podia comparar com outros objetos de valor mas fico-me pelo tijolo, já está a fazer tijolo, a verdade é que os anos passaram muita coisa mudou, mas a poesia, essa continua a fazer parte da minha rotina, funcionamos á base da confiança, sabemos quando um precisa de elevar o seu ego, sem enfraquecer o do outro, e quando isso acontece é tão lindo de se ver, um brilhinho paira nos olhos, de noite quando as estrelas se alinham no céu
E eu fico grato a deus pela mestra poesia esse meu grande troféu