Madrugada gélida
o som do canto dos anjos
e do sino quermesse
rondam o pensamento atordoado
de te ver ali no banco da praça
e no imediato do segundo
com os olhos arregalados
e a pupila dilatada
lembrei-me de uma vida passada
te tive como um encontro de almas gêmeas
e na garganta seca
vi perpetuar ali a efemeridade do momento
o pilar sacramentado em meu coração
gritava o seu nome
antes mesmo de te reconhecer
e parado ali no meio do tempo
percorri destinos transgredidos
por uma única constelação celestial
que no céu pardo ardiam aos astros
conspirando o soprar da vida
para que eu te reencontrasse
e sem ao menos um toque
te tive junto ao meu corpo
padecido com sua partida
transitando entre dois mundos
achais-te no ponto crucial
para que pudéssemos
ser uma só alma
em múltiplos corpos
com o passar da eternidade