Rosto com rosto
Podridão com podridão
Até que se prove o contrário
Não há combinações de palavras
Desça o longo véu para esconder a ferida
Use e abuse do corpo que lhe foi dado
Para que volte para seu lugar
Nas faces em que se demonstra
O corvo, o urubu, a sombra
Já não estão mais aqui
Aqueles que vinham
Já não ligam mais
Aqueles que sempre sabiam
Nas facetas da noite
No aviso
No recital
Canta a maldade sem explicação
Como um espetáculo
Escrito pela pior mão
Do escritor úmido
Dos olhos fechados
Tenebroso luar
Da noite funda e escura
A luz não chega para os que precisam
Não adianta queimar e nem sussurrar
Gritam as vozes
Apontam-se os dedos
Com os dizeres explícitos de perversidade
Se mostram sem olhos e ouvidos
Na noite rasa e vasta
Escorre o escárnio
Da pele do homem
Cobrindo as chagas