É com o passar dos dias
que a gente vê que as coisas
estão ficando cada vez mais
iguais.
Muda pra cá, muda pra lá,
conforme e disformes,
traça a roela,
e as coisas rodopiam
pelo mesmo.
Impassíveis de se mudar.
Quer dizer, mudam as roupas,
os veículos endiabrados,
o rosto das mulheres resfolados
de baton e tintas florais,
mas mudar, não mudam não.
O pensamento avança um pouco:
o que se falava ontem
não se entende hoje.
Mas sempre foi assim:
nossa Idade Média está cada
vez mais próspera de mortes
e absurdos geniais.
Ganha quem corre mais,
quem é o mais bonito,
que de altura tem mais,
quem é diferente da gente.
Estes pensam que mudam,
mas quem muda é o passar
dos dias:
onde fica tudo igual às coisas
diferentes, mas que são iguais.
De rotina em rotina
a gente aprende que de tudo,
nada muda.
Há mil anos já era assim.
Amores iguais,
traições repetidas.
Daqui há uma centena de anos
eles vão pensar que estão
mudando, mas estão
fazendo do igual o
parecido.
E toda gente que é, já
deixou de ser,
mas vão surgir outros,
iguais, com roupas
diferentes.
Nisso tudo, no tempo igual
que me resta, só não quero
pranto
em cantos frugais
em meu coração.
Tudo, é fruto da eternidade
E não vive em meras e
rotineiras
tempestades,ou em bares esfumaçados,
ela, soberba,
vive me ajudando por
mera piedade !
Como tudo é igual e diferente,
agora, como antes, se torna parecido.