Penitente
vivo sozinho e corro perigo
não tive pais ou irmão
quando perdi o último amigo
encontrei apoio na oração
sigo firme nessa estrada
vagando pelo mundo a pé
sem pressa na chegada
levo a coragem e carrego fé
ando até pela noite escura
e respeito quem faz uma prece
a crença sempre procura
o milagre que nem sempre acontece
atravesso o mundo valente
mas tenho medo da perversa gente
que usa a santa palavra pra julgar
carregando o vil prazer em condenar
negam a verdade do que é real
e em tudo encontram pecado
em nome do bem praticam o mal
assim sempre o perdão será negado
sofro e não peço nada
arrasto o corpo cansado
aceito a água fresca na jornada
quando oferecida de bom grado
molhado com o suor do calor
tenho a alma lavada
deixo a gratidão e não levo o rancor
carrego apenas a poeira da estrada
dos falsos amores eu fugi
com casamentos me assombrei
essa foi a vida que escolhi
sozinho foi que me encontrei
de teimoso insisto na missão
traço rota e risco o caminho
para aplacar o meu coração
me falta o somente um carinho
sou um viajante solitário
sonhando com alguma companhia
mas sempre fiel a este calvário
o fim da estrada verei um dia
da árvore que plantei
não descansarei à sombra
o sol que no horizonte tomba
vivi um dia e presenciei
fui o pobre filho do Homem
e por sua graça estive aqui
se tiverem fé para ele rezem
pela paz na terra na qual morri.