Carlos Lucena

ANAMNESE


Nem sempre é refúgio do amor
Nem da paixão enloquecida de poetas.
É Ilusão
É Contestação
É Vaticínio de profetas.
Uma mentira, quem sabe
Uma verdade cantada
Uma dor que no peito já não cabe.
Uma canção inusitada
Nem sempre
é a loucura de um beijo
Tampouco os ardentes
Fascínio do desejo.
Ou languidez de corpos quentes.
Também é interpretação
E não é choro só de amor
Talvez gemidos do coração
Gritos de pavor
Desilusão
Injustiças
Escravidão.
É também grito que chama
É Anúncio profético
Liberdade que esse grito clama
Que também é um clamor poético.
Não é só dor de amor
Nem só chamas dos apaixonados
É liberdade
É canção dos exilados
É inspiração que liberta
E só o coração do poeta
Conhece essa verdade.