Não passes por mim a contemplar-me
Sabes que nossos olhos entendem-se
Torturas teus sentimentos
Ferindo meu coração
Nossos encontros são passagens secretas
Entre o que queremos
E realidades concretas
Subo à colina porque ali passam teus pensamentos
Encontras nas pedras meus passos
E assim, escondemos a nós mesmos
Na imensidão das vaidades
Não sonhes assim, sem minha permissão
Estou presente entre teus braços
E somos dois, a esconder uma união
Todo dia segue-me, sigo-te
Não queremos saber de nós mesmos
Negas que te pertenço
Sofro porque temo tua omissão
Este correr para o nada de procuras
Juntos adormecemos separados
Somos fiéis sem fazer juras
Um dia, se, um dia qualquer
Nossas mãos se tocarem
Como saber quem primeiro chegou ao encontro,
Se somente contemplamos o amor?
Somos dois animais à cata do mesmo alimento
Mas perdemos o faro
Que nos leva ao atrevimento
Quando o sol se põe sem divisas
Divagas além de ideais carinhosas
Eu ando além de um abraço ao luar
E estás tão perto...
Estamos aconchegados numa saudade
Que ainda não aconteceu
Tão desastrosa quanto a piedade.