Não tenho tempo nem pra começar,
nem pouco para acabar.
É tudo, dizia o alcaide - é tudo -
uma questão de princípio.
Mas eu não tenho
princípio nem fim.
Por isso não começo!
É tudo uma questão de pricipado
pois eles voam alados
a procura do meu vazio !
Tempo eu não tenho mais pra gastar!
Acabou-se ali na esquina.
Desapareceu. Como some o aguardente
na sorvente boca do mendigo.
Tempo eu não tempo mais.
Se é questão de tempo, perdi o meu.
Se é questão de vida ou morte
não sei ainda qual escolher.
Se fico na vida: sobrevivo meio caiado
de verde mortalha;
Se morto escolho, perco meu tempo:
O que vou fazer na eternidade envelhecida?
É tudo uma questão de tempo
E isso lá pra dizer a bem da verdade:
Tempo há muito
mas no paradoxo da vida,
tempo é rarefeito há pouco e não há mais nenhum!
A noite vago por todas as janelas
e vejo todos gastando tempo:
ora aqui, ora ali,
e todos jogando tempo fora.
E como tenho pouco tempo,
muito pouco,
debruço na janela e
vivo no tempo deles!