Pálido de espanto me enterneço, me entrego,
entre miradas e encantos, desperto, amanheço.
Vejo-te sonolenta percorrendo meus corredores,
minha casa te abraça, aconchega teus passos, tua silhueta.
Tresloucada amante que inunda meu quarto, minha noite.
Meus desejos proliferam nessa escuridão fatigante.
São teus olhos que me olham inquisitivos, em mormaço.
Tua boca incisiva que umedece e dilacera minha boca...
Teu vulto reaparece entre penumbras nessa cama!
Onde foste com teu corpo delicado e teus desejos?
Agora me reconforto com teu calor que afeta meus sentidos,
amaina minhas vergonhas e meu sexo. Quanto descalabro!
Quero viver mais, para amar-te mais e mais, continuamente!
Quero saborear teu sexo, encher teus sonhos, preencher meu vazio,
beijar essa boca tépida e macia, sorvendo teu hálito desmesuradamente.
Romper trevas é o que quero ao teu lado nessas entregas intensas.
Sinto-me desatando amarras, espreitando nossas angústias.
Nunca mais a solidão. Só com a morte essa solidão maléfica.
Te escrevei poesias frequentemente, incendiando teus desejos.
Te direi palavras obscenas com intenso ardores e ritmada espera.
Da minha varanda seguirei teus passos, teu rebolado, tuas malícias.
Nos meus sonhos aguardarei tua volta nessa vastidão dos dias infindos.
Ficou em mim esse gosto confuso dessa noite de vinho e teu sexo.
Ficaram os folguedos e todo esse oceano enorme de desejos liberados.
Se me traíres, te perdoo, desde que volte. Estou cansado dessas buscas!
Se me disseres que me amas, me sentirei forte, exultante, desmedido.
Não quero mais preencher com ausências e vazios esses dias incertos.
Quero só refugiar-me nessas noites, preenchidas por teus beijos e abraços.