Jose Kappel

Escreve o Nome da Vida

 

Pulo pra lá,
pois venho de lado,
puxado pelo vento,
carregado de flores.

E, na rua, me perguntam:
- é pra todo dia?
Eu falo, esperto,
nem aqui, nem lá,
pois digo:

são  as únicas
lembranças que
 me deram nesta
esquisita passagem
pela Terra.


Mas,
Sou latônio,sem parcerias,
 com esquina de duas mãos,
floresço no jardim
de duas colheitas .

 

Lá fora de mim
chamo o povo pelo nome,

mas não me atrevo a

escrever o nome da vida.

 

Atiço!
Borrifou inocência !

 

Cativou outro passional,
e foi viver a dois
a solidão de mulher
com outra flor
que jamais conheceu o sol !

 

Você passa como
fogos de artifícios,
lampeja, e depois morre
sem vez,
nos campos de lua.

 

Você passa no fundo
do baile,
e faz a orquestra entoar
um pouco de lírico -
coisa que abasteceu de
vida - nossas mãos
até ontem - dia de vinténs.

 

Você é fraca,
depois é forte,
você é luz
e derradeira paixão.

 

Você entoa a flauta
e a arca.Você vem do
outro lado do bem,
das casas dos arautos.

 

Você reflete a água límpida,
e arqueja-morena, ao sol,
você vive duas vezes,
mas, em nenhuma delas,
quis, sequer,
ficar perto de quem te
inveja!

 

Sou eu, por perto,
rondado suas saias
e suspeitando do que
há um lado
e outro lado
e acaba no ocaso.

 

Eu dou passos pra lá,
e você dança eufórica e já,
no sonhos do coração,
do partido de amor e sem canção.

 

Já não sou o vigor dos eternos,
sou passo fundo,
que chafurda no amém,
esperando um dia, acabar,
esperando um dia, começar.

 

Se a flauta entoa
então já sou canção
de despedida, e resto
da nota vespertina dos
pássaros
esquecidos, nesta
concertina manhã
sem maestro !

Neste caos organizado,

abre a porta de flores

e tenta dizer o nome da vida !