Cai um pingo de chuva,
Cai uma palavra no papel
e se desenforma,
criando forma.
Não recordo das pequenas coisas intrínsecas.
Por que o tempo passa sem passar?
Dentro de mim cai aquele pingo de chuva.
Outro pingo cai, mas esse voa com o vento.
Alento. Voa desfeito como o meu eu frágil e permeável.
Se até o pingo de chuva quando cai do céu
voa em direção ao inesperado, voarei eu também.
Meu voo ficará registrado no papel.
Entre turbulências ásperas e plenitudes cobertas por nuvens.
Já que não me restam tantas reminiscências na memória, escrevo.
Embeveço na poça que o pingo de chuva criou.
A alma e a memória dormem,
mas resplandecem em artifícios de memórias vivas,
quase que autênticas, quando escrevo.
Escrever até que
a última gota
se desfaça
por completo.