Do lado do caos, pingentes de luz,
Do lado direito senzalas trabalhadas
No lado esquerdo, pedaços de saias.
No meio,banhos de ouro, formas de gente.
Queria supor que se escoresse paredes, as teria!
Queria ser um herói americano para derrubá-las.
Queria ser forte e grande como sabe ser a cachoeira.
Ser valente, cavaleiro,pertinaz homem para enfrentá-las.
Queria ser artista de muitos muros
gladiador de sentimentos
pichador de espíritos solitários
e mancha permanente em corpos miúdo de emoção.
Queria isso tudo: queria mais do que o céu,
navegar entre estrelas, ser pássaro da tarde
e moça de dois véus.
Queria ser um longo veludo para acariciar rostos.
Queria ser homem gentil e comedido
porta-voz de minha lucidez
e passar de fila em fila
e entregar um pedaço de pão
aos pobres e mendigos
os sem frutos sem horizonte.
Mas sou apenas casca de noz desprezada.
Pedaços da história que o tempo matou,
um herói do caos,
uma vitorioso dos desesperos !