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Rui Ferreira

Desalinhado

Acordo deste sonho não sonhado,

que é pesadelo adiado,

ensaio de vida perdida,

neste mundo sem saída.

Vagueio na imensidão da pequenez,

apesar da minha altivez,

e desta sorte desafortunada,

há muito anunciada.

Que sorte macaca a minha

nesta vida solitária que me encaminha

entre gente sem visão,

que fazem ouvidos moucos,

têm sentidos loucos,

trocam argumentos sem razão.

Encetam viagens entre casas,

trocam conversas desalinhadas

expondo a vida alheia, só porque, sim, ou porque não!

Que loucura bravia,

a conversa desta gente vadia,

aprumada e empinada,

que solitária e abandonada,

ali mesmo se defende,

insulta e se ofende.

Estranha pequenez,

que se impõe de quando em vez,

à anormalidade reinante

desta vida de farsante.

São vidas, meus senhores

Que não vivem sem favores.

São Vidas, sonhadas e não vividas

Salvem-se! Agarrem um salva-vidas!