Acordo deste sonho não sonhado,
que é pesadelo adiado,
ensaio de vida perdida,
neste mundo sem saída.
Vagueio na imensidão da pequenez,
apesar da minha altivez,
e desta sorte desafortunada,
há muito anunciada.
Que sorte macaca a minha
nesta vida solitária que me encaminha
entre gente sem visão,
que fazem ouvidos moucos,
têm sentidos loucos,
trocam argumentos sem razão.
Encetam viagens entre casas,
trocam conversas desalinhadas
expondo a vida alheia, só porque, sim, ou porque não!
Que loucura bravia,
a conversa desta gente vadia,
aprumada e empinada,
que solitária e abandonada,
ali mesmo se defende,
insulta e se ofende.
Estranha pequenez,
que se impõe de quando em vez,
à anormalidade reinante
desta vida de farsante.
São vidas, meus senhores
Que não vivem sem favores.
São Vidas, sonhadas e não vividas
Salvem-se! Agarrem um salva-vidas!