Arlindo Nogueira

ELE SOU EU

Ele é um artesão da poesia

Nem sei quantas almas tem

Os fitos veem mais de cem

Tal qual as estrelas do mar

Nele tem o Ferreira Gullar  

Cecilia Meireles e Camões

João Cabral e Drummond 

Hilst e Vinícius de Moraes

 

Pessoa e seus heterônimos

Olavo Bilac e Jorge Lima

Quintana e Cora Coralina

Manuel e Gonçalves Dias

Dos quais versos e magias

Citam as almas que ele tem

São talvez bem mais de cem

Mescladas em lindas poesias

 

Há “claro, mas que claro raro”

“Nem estes olhos tão vazios”

“Onde a terra se acaba” é zios

“A palavra boiará” só empurre

“No meio do caminho” segure

“E o poeta te diz” há jornadas

Eu “não posso querer ser nada”

“Que seja infinito enquanto dure”

 

Salve, símbolo augusto da paz!

Paz linda que o Brasil sonhara

“Egina é o mesmo sol do Saara”

No “mundo de tantos espantos”

“Plantando flores” sem prantos

“Céus se misturaram com a terra”

“Onde canta o sabiá” se encerra

 E ele sou eu o poeta de tontos