Gustavo Cunha

É preciso

O indizível se expressa com os olhos.
 
A tristeza, ludibría, permeia o ar e fustiga os sentidos.
 
Oh, desencanto! Eterno consumir-se no lastimável crepúsculo inevitável do esquecimento.
 
Aprofunda a tua dor e faz dela o teu guia; regozija-te nela...
 
E ouça os derradeiros murmúrios da vida.
 
Os amigos se foram.
 
Esperanças já não as possuí mais.
 
Catástrofes o estremecem.
 
E o passado, sombrio, se faz cada vez mais presente.
 
Ah, se da vida antiga ainda tivesses força suficiente...
 
Para transformar a dor em poesia.
 
Angústia em nostálgicas cantigas.
 
Aflição em comoção desvairada.
 
No entretanto, é preciso ter paciência:
 
Para dias mais cinzas.
 
Noites mais longas.
 
Almas mais baças.