Jose Kappel

Último da Fila Amando Mae West

 

E quanto mais tempo passa, mais poço e fundo ele fica.

Uma coisa leva à outra. A mesa leva à toalha, e à ânsia e no sótão. Bate três, sem coelho e sem cão. Chegam John e Scott e soltam pólvora.

Adormecem no colo de Ava, Débora, Brigite e Ava. Ah! Pipocas trás o primo desdentado. Um sonho azul, meio belga. Robin e Marian de bruços catam uvas. Mae West , de branco se sufoca nos braços de abraços.

Não é sonho . E todos dizem : \"avante John, duela\", trás meu sonho de volta.

Sai do barro às seis em ponto, com oito músicos de cada lado,um mecânico, um pão, uma botelha de vinho. Ela, vestida de pano, me levou, sem graça, sem duvidar. Perto do seu abismo me serviu torta de leite e mingau de trigo e mandioca.

Era meu tempo.

Mas no brejo, descalço, fiz ela rainha de todos os sermões e dona de todos os pecados. Se sobrou, foi em vão.

E estas lembranças do tempo de barro, de calças curtas já estão na soleira da porta. Pedem para entrar. São rascunhos de memória curta. E ela na cadeira de cedro, vestida de rosa me pediu pra sair.

E da porta, passa a carrocinha e leva tudo. 

De mim só restam lembranças de pés de barro. Ninguém mais entra, ninguém mais sai.O filme queimou, a máquina parou, as luzes se acenderam.

E assim foi mais um domingo, a matinê que a gente não esquece, sonhando brando com Marilyn ou torcendo pela pólvora infalível de John. E Mae West nos dá um último beijo que vale para o mocinho e para nosso sonho.