Breno Pitol Trager

Semeadura

Semeadura

Todo poema é um tentar seduzir
Lançar no estuário, aquilo que deságua, um feitiço
Que torne água salgada, suja, o cru crivo
Para saciar até ponto, há de convir

Poemas reúnem, verbete que seduz
A magia do doar suor, também sangue
Que justifica, por curar, aquilo que nos arde
Veias já velhas desde tempo de Alcatruz

O poema que a ninguém ousa, ora, enfeitiça
O poema que não resiste ao cruel tempo
Sequer merece algum olho desses atentos

E bem como vários helmintos que viçam
Não vos falo em tom de autoria, tom de cobiça
Mas palavra é semeadura dos ventos