joaquim cesario de mello

AS NUVENS DO ONTEM

 

Pela janela onde o tempo passa

ainda vejo as nuvens do ontem

sendo empurradas ao horizonte

que se estende além do que agora

é para hoje antigamente

 

O esvoaçar das nuvens de antes

era moroso como as tardes

que vinha após o almoço

na casa da minha avó

em que se servia macarrão de forno

onde se mastigava também os domingos

 

As nuvens que ainda contemplo

vagueiam por sobre telhados

de residências que não mais vejo

como se limpassem do céu a tristeza

deixando-o com um azul mais azul

que o azul turquesa do anel da minha mãe

 

Pela janela onde o tempo passa

continuo assistindo o adejar

interminável das nuvens do ontem

que para mim sempre foram

as asas de deus nos sobrevoando