Às vezes, eu vejo a vida
como se fosse um quadro
dependurado na parede
Um quadro parado no tempo,
enquanto o próprio tempo
segue a vida em movimento.
Olho para a fotografia na moldura
fria de alguém que sorria
alguma alegria
Do outro lado desse quadro eu vejo
um espaço vazio, um lugar sombrio
uma parte esquecida desta mesma vida
que fora cuspida
na incompreensível mudança
que aos poucos nos finda
Ocasionalmente ; vem o destino e sem pedir licença
muda o quadro de lugar
nos dois lados do quadro da vida
o tempo também faz a sua mudança voraz
As vezes eu vejo a vida como esse quadro
que se não me falha a memoria
havia nele um sorriso mais nítido
Certamente o que se apagou
ficara escondido
do outro lado do quadro da vida
quando tudo for consumido!