Ásperas mãos que semeia ao vento, ao tempo,
desilusão, fome e ausência, entre sombras e desalentos.
Mãos estendidas, pés descalços, devaneios existenciais.
Sonhos de abrigo e comida, destilando imaginação.
Pobre mulher que caminha triste, pensativa,
semeando amargura entre sonhos nessa estrada,
sentindo a falta do alimento que alimenta seus sonhos,
alimenta seus filhos, entre frágeis esperanças e cotidianos.
Muitas ilusões, entre fantasmas e assombros.
Olhos opacos, desejos fragmentados, tateantes.
Se possível, um abrigo, menos inquietações...
Tantos sonhos refletidos nesses dias infindos.
Pobre homem que não alimenta seus filhos,
sua mulher, seus desejos, submergido cicatrizes,
entre espaços vazios, nessa vida imprecisa...
Homem permanentemente sobressaltado pela falta.
Agora essa embriaguez, esse crepúsculo, essa noite fria,
sem comiseração, nesses arremedos e angústias.
Até quando? Quanta indiferença e olhos tristes.
Impotência refletida nesses faces entre clamores.
Quisera desfazer esse simulacro de mentiras,
reconstruir novos homens, desarmar essas guerras.
Quisera menos ostentação, mais comida, mais poesia,
refazendo novos sonhos, menos armadilhas e abismos.
A pobreza é triste, inebriante, é perversa e desmedida,
nesse mundo de ogivas e luxúrias, de desolação amiúde...
Inconcebível essa fome de afeto em cada esquina,
essa fome permanente que maltrata. Essas contradições!