Drica

Sapatilhas

Paredes podres

Caindo aos poucos no chão

Como cinzas de uma cremação

Sujando a minha visão

Mofo consumindo o lugar e o ar

 

Sapatilhas pretas de strass

Brilhando no canto da sala de estar

O único luxo deste lugar

O único bem a zelar

Seus sapatos não podem sujar

 

Parede manchada, roupa rasgada

Colchão velho, sofá puído

Cortina aos farrapos, móveis descolados

Vasos sem flores, não existe amores

Aquário com peixe morto, não há cores

Quadro arranhado, cigarro apagado

 

Não há vida nestas paredes

Não há sol nesta casa envelhecida

Não há um lugar limpo para sonhar

Só há beleza na janela para espiar.