Trago ecos dos meus pretéritos
a ressoar no interior das costelas
com sons distantes de menino
Se me cheirasse por dentro
sentiria o perfume da minha mãe
misturado ao aroma de café coado
que ela sempre fazia nas manhãs de domingo
Tivesse a alma epiderme
talvez estivesse mais delgada
que minha pele amarrotada pelo tempo
No céu da minha boca
não existem luas e estrelas
mas nele tenho o sabor das Madeleines
que em mim tem gosto de chicletes de menta
No dormir sonolento das pálpebras
enxergo fragmentos de espelhos
a refletir as noites que levo por dentro
Todos os meus sentidos
não teriam sentidos se não fossem
as lembranças duradouras dos meus sentimentos