Eliabe Lira

Como vento

Vou seguindo o vento

Voando novas possibilidades

Barrando em grandes árvores

Mas, livre para contornar 

Como vento, brisa audaz.

 

Parado feito nuvem 

Não existe próprio movimento

Estagnado até certo ponto

O vento me leva livremente

Passivo, abandono fácil minhas convicções.

 

Árvore crescendo sem raiz

Peixe nadando em lama

Pássaro voando sobre incêndio

Vivo de constância, sempre mudando

Paradoxo, acho chique.

 

Pulo linhas imaginárias

Reescrevo diversos finais

Vivo, porém, a monotonia 

De uma vida normal

Do abrir ao fechar do olho.

 

Abandono cada vez mais

Minhas primeiras linhas

Acho graça na incoerência

Brinco, como criança, com a lógica

Padrões! Não estamos aqui para quebrá-los?

 

Tudo muda rápido

Pensamentos, temas...

Gosto de construir

Destruir e inventar

Gosto de liberdade, voar.

 

Vou queimando como chama

Minhas cinzas ganham linha

São minhas testemunhas

Provas de uma combustão

Sou fogo queimando eternamente.

 

Sou guardado em potes,

Espalhado pelo mar,

Jogado ao vento,

Exposto na parede,

Lido com rapidez.

 

Caminhando pela floresta

Tocando no fundo do mar

Amando o desconhecido

Explorando o cosmos

Sendo, perfeitamente, eu.