Era um momento de três
três refrescos,
três luas
e três saias.
Era um tempo antigo
parente e amigo.
Era mil e novecentos,
tempo que algum dia viveu
entrelaçado entre nós,
mas com o tempo
deixou-se transparecer.
frágil e armado de cristais.
Foram três momentos
de sufragar o alento,
a meiguice e o amor.
E como dói os amores
marcados por datas e
folhinhas de padarias!
Foram três momentos
duas vidas
e um amor.
A média resultava,
impassível, numa paixão
onde melros e orquídeas
se transformavam em
paisagens mágicas e queridas.
E foi assim,
sob a lua de alguma primavera
que ninguém esquece mais.
Que duvidem os incautos de paixões!
Eu ouvia, ela ouvia.
Nós falávamos e éramos
regidos por algo
além do mero tempo,
colocado no topo de um palco,
onde luzes refletiam estrelas
e nada mais do que ter chegado
no fim do mundo de luzes.
E mil novecentos passou.
E ela se foi.
E eu fiquei atônito.
Ela não marcava datas
e eu contava o tempo.
Assim, sem sol naquele dia,
áspero de grandeza e maledicência,
do céu avulso e sem
estrelas,
ela partiu.
Deixou um recado.
Tão à tôa e tão sentido.
Hoje quando lembro de
mil e novecentos,
lembro dela.
De blusa de cachemira vermelha
e pedindo em juras eternas:
não me deixe ir!
E o tempo a levou para sempre.
Eu, teimoso e feito de bula,
agora me arrependo.
Da única coisa de ter tido
naquele século de mil e nocentos:
uma grata mulher de olhos
meigos.
E ter deixado ela partir
para dentro de outro mundo,
que não tem início
e muito menos fim!