Carlos Lucena

ÁGUAS DA INFÂNCIA

ÁGUAS DA INFÂNCIA 

Lá ao pé da serra
Repousa tranquilo
Suas águas não 
são mais como antes
Em silêncio 
choram as mágoas 
Poluídas
Já não há mais brisa nem  remanso 
Nem seus cílios fecham mais
Pois se perdeu a velha  cachoeira
Que descia a cordilheira
E agora descoberta sua música se desfaz
Quando não há mais a ribanceira.
Sua velha corredeira assoriada    é apenas uma lembrança dos tempos lá de trás.
Suas veias 
não mais fluem encantadas
E o seu corpo já sem vida
Não convida ao frescor
Porque não é mais o espelho transparente refletindo de manhã o sol nascente
E já também não incidem os raios do poente
Já que agora o seu sangue muda a cor.
Remoto companheiro da infância
Sobre ti a 
esperança de um corpo flutuava
E da límpida fluidez só a ânsia 
Do seu sangue
que era transparente
Visto pois agora traz apenas a lembrança envolvente
E só as lágrimas são mágoas das águas que um dia em ti  passou!