joaquim cesario de mello

POEMA AZUL

 

Tem dias que a gente acorda blue

um blue tão azul como um céu sem nuvens

em um dia pleno só coberto de verão

 

Que bom se todos os dias fossem azuis

as casas, as calçadas, os pés de manga,

as ruas, os lixeiros, os cemitérios

até a cabeça do meu avô seriam azuis

 

Tem dias que a gente nasce

vivendo no planeta de Gagarin

feito as bolinhas de gude

com as quais pigmentava de azul

o solo fertilizado da minha infância

 

Ah! que bom seria

se as paredes fossem feitas de azuis

que as mãos ficassem azuis

as noites se tornassem azuis

os pais virassem azuis

e não precisaríamos mais pintar os sapatos, Carlos

pois todos os sapatos já seriam azuis

 

Tem dias que a gente acorda blue

um blue tão azul como aquele distante vestido

que ela usava no natal de 78

 

Tem dias que até o amor e o arco-íris

são assim completamente azuis