Carlos Lucena

ELEGIA

 

Ai saudade matadeira
Ai saudade que me dar
Saudades do pipoqueiro
Do picolé de cajá.
Ai saudade companheira
Ai saudade do luar
Do velhinho sorveteiro
Dos bolinhos de fubá.
Ai saudade doedeira
Da bandinha a tocar
Do cachorrinho ligeiro
Dos meninos a brincar.
Ai saudade cancioneira
Do bem-ti-vi a cantar
No galho da goiabeira
Da flor do maracujá.
Ai saudade do beija-flor
Que hoje não vejo mais
Saudade do sabiá cantor
E do gorjear dos pardais!
Saudade de tão distante
Que dos meus olhos escorre
Saudade no meu peito pulsante
Saudade que nunca morre.