Marcelo Veloso

O QUE EXPRESSO NÃO INTERESSA A NINGUÉM

O que expresso não tem preço,

nem se conjuga com destino,

diante de tanto desatino,

e da mordaça que se impõe.

 

O veneno escoa na veia,

dispara um respingar sujo,

vai armando uma teia,

que maltrata e dá rabujo.

 

O que expresso não está terso,

diante da costura de uma história,

fluindo um vago na memória,

pelo aprisionar que se compõe.

 

A acidez solapa o riso,

diluindo num chorar melancólico,

forçando num tom narciso,

o explorar mais diabólico.

 

O que expresso não tem adereço,

nem desculpas pelo revés,

que tira dos dedos os anéis,

pelo forçar que se depõe.

 

A régua perde a medida,

pelo escalar da franca ameaça,

fervilhando em tantas feridas,

execrando o poder da graça.

 

O que expresso não tem avesso,

nem limites para discórdia,

fustigando uma mixórdia,

pela confusão que se propõe.

 

A tibieza avassala a opinião,

arremessa ao chão sem piedade,

fazendo do artifício da negação,

o esconderijo da obducta crueldade.

 

O que expresso não tem endereço,

tem somente um insidiar silencioso!

 

É, quem assim expressa,

nunca se sentirá odioso!