Arlindo Nogueira

ELA SUMIU NA NOITE

Eu sinto o cheiro de rosas

Impregnado naquela cama

Tal qual o perfume da dama

Que se via frente ao espelho

Na fenda do vestido o joelho

Há sensualizar este homem

Mexe no cabelo depois some

Num lindo vestido vermelho

 

Ela sumiu de carro na noite

Deixando sinais pelo quarto

Um fio de cabelo em pedaços

E dois copos de vinho vazios

De lembrar eu sinto arrepio

Da noite de amor e carinho

Fora ilusão eu fiquei sozinho

Amor de momento é fugidio

 

Levantei cedo abri as janelas

E lembrei dela naquela cama

Sinal do seu batom na fronha

No chão um brinco da orelha

Tudo lembra uma noite cheia

De encantos beijos e magias

Que imergiu numa vida vazia

Pela ausência daquela sereia

 

Há desfeita ainda aquela cama

Eu sinto ela andando por tudo

Os copos sujos no criado mudo

Estão sempre frente ao espelho

Falta o vestido a fenda o joelho    

Daquela elegantérrima mulher

Que será sempre bem-me-quer

No seu lindo vestido vermelho