Nem tudo são cores, às vezes o dia amanhece cinza, nublado, e eu da janela encabulado aprecio o horizonte, trabalhadores descem a rua, algumas nuvens escondem a lua e eu ouço a Marisa Monte. Não, nem tudo são cores, também não são flores, mas os espinhos e as pedras formam o caminho, e eu da janela sozinho vejo o tempo passar.
Nem tudo são cores, o tempo passa veloz, a vida é atroz e cobra seu preço, e após cada noite, mais velho amanheço, já não sei quase nada, as certezas que eu tinha ficaram pelo caminho, não quer dizer que eu não aprendi, mas que eu entendi que ninguém sabe tudo, e o chão de pedra ou veludo, a todos um dia vai cobrir.
Nem tudo são cores, num dia ruim, enfrentamos dissabores, mas tudo na vida vai passar, momentos de tristeza, de alegria ou torpeza, a chuva, o rio, o mar. Nem tudo são cores, nem mesmo as flores do inverno vão escapar, elas murcharão, mas novas folhas nascerão para outras cores espalhar.
Nem tudo são cores, a vida, a tarde ou a canção, eu ouço um blues ao entardecer e em cada acorde uma oração, são os gritos de dor, da tristeza incolor que dói no coração. Não, nem tudo são cores e mesmo nas dores faça da alegria opção, mesmo que você não sorria, não perca o seu dia para a depressão, acredite em você, faça uma prece e logo vai perceber que a dor arrefece.
Nem tudo são cores, nem tudo são flores, mas a vida é um presente, e as estações do ano uma espécie de plano para a vida da gente. No verão ensolarado eu rio em demasia, no outono cinza, enxergo nas folhas a cor da poesia, no inverno frio prefiro me agasalhar e em setembro sorrio quando a primavera chegar. Nem tudo são cores, mas seja como for, seja flor, não desperdice sua vida esperando a vida passar.
Jose Fernando Pinto