Ó anjo ingênuo não esperes meu amor
Que esta vida se desfaz com brevidade,
Virá o dia em que a mesma,como a flor
Fenecerá sob os pisões da eternidade!
Se o amor, é o que almeja o seio teu
Vá procurá-lo por favor em outra boca
Que minha vida, a solidão entristeceu
E minha alma é um vazio de treva oca!
Vigie o tempo! Essa maligna madrasta
Pode do sonho fazer algo incompleto
O seu bolor por nossa vida se arrasta
Tal qual o mofo se arrastando pelo teto!
Ouça o relógio, em tic tac angustiante
A hora passa qual manada enfurecida
Em oblação oferecemos cada instante
E de instante em instante a própria vida!
Queres amor! Já eu pertenço à solidão
Me fiz outono, não há flores no meu ser,
são duas somas no amor e um querer
E a tristeza não é dada à divisão!