Marcelo Veloso

CADA UM TEM O SEU PAPEL

Não quero sorrir desaforado,

nem quero chorar arrependido,

pelo apelo despropositado de alguém.

No vidro ou para-lama de carros,

vejo frases “tão” sem sentido,

que escondem o perverter de quem as tem.

 

Há o justiceiro que se acha superior,

outro que se mostra adorador,

e tem até estultice soberana,

que direciona seu afrontar,

perdido no seu conhecimento vulgar,

defenestrando a favor de uma terra plana.

 

Não quero sorrir desaforado,

nem quero chorar arrependido,

só não quero ficar sentado,

vendo a armação de tanto bandido.

 

O confronto não subjuga o respeito,

e a imposição é um molde suspeito,

para que cada um espelhe seu papel.

Cinge entre o sorriso e o sarcasmo,

um apreço sem nenhum entusiasmo,

resultando sempre em um gesto cruel.

 

Com isso o ignorante se envaidece,

e o vangloriar ainda mais cresce,

ao estufar o peito, se mostrando ufano.

A rapinagem congemina e se enraíza,

causando desconforto e ojeriza,

revelando a face oculta do humano.

 

Sei que cada um tem seu papel,

mas a tolice não pode envergar,

e se a verdade amarga como fel,

a doçura do amor pode consertar.