Jose Kappel

A Lua Virou Sol

Num dia de poucas razões,

e desencontros aparentes,

quando sobras de querer

morrem na soleira da porta,

a Lua, no de repente,virou Sol.

 

Foi um dia sincero até certo

ponto mas

sempre beirando o incerto

 

Que vou fazer se a vida é uma

coisa hoje,

e, mutante solitária,

é outra no dia seguinte.

 

Daquele que nos faz

jugo de tudo,faz até

perder

os caminhos e trilhos!

 

 

Já não sei explicar

tantos inícios precipitados

e fins inacabados.

 

A vida ia assim,de mansinho,

fazendo de meu espírito

lavratura de terra árida.

 

Já não sei outorgar

a vesta ao rei

sem fadar com a rainha

que lastra pureza

suspeita.

 

Foi o dia que a Lua virou Sol

bateu de pronto,

cada um rodando de luzes,

cada um brincando

de fazer duas vidas

numa só.

 

Foi ai que a Lua virou Sol.

 

E se digo assim

é porque de sobras

me atiçam

gotejos mágicos,

- sobras da Lua e

do Sol -

que agora me fazem dono

de um reino luminoso

 

Que faz minha vida

ser minha vida.