Jonas Teixeira Nery

Só entre silêncios

Só tenho meus lamentos, minhas confidências!

Isso me basta nessa caminhada atroz, sem volta.

Sou perene, sou lembranças, sou desordem!

Quem não é essa essência, esses silêncios?

 

Não tenho amigos íntimos, nem mesmo amigos!

Só tenho minhas angústias, minha loucura,

vagando entre noites ermas e escura, vagando

entre lamentações do mar, do vento, meu abandono.

 

Tenho meus sonhos inatingíveis, inalcançáveis!

Meus desejos sobrevivem nesse alheio espaço,

consumindo meus dias atravancados por desilusões.

Assim sigo, nada de novo! Nenhum mistério!

 

Só tenho meu caminhar e esse tempo imprudente.

Não sei a razão de sempre chegarmos cedo ou tarde,

                                                 nunca, nunca em tempo!  

... mas que tempo? Esse tempo que tece e trama?

 

Agora, cansei-me dos meus amores, das minhas dores.

Prefiro todas as lamentações do mar, dos ventos cortantes.

Só tenho meu caminhar submerso, destituído de esperança!

Me basta meu silêncio, minha espera, esses passos trôpegos...