Corpo apaixonado
A brisa veio solene como um sopro de verão
Tão fresca, leve e alegre na mazela do sertão
Talvez seja a falta de um frescor,
Ou talvez estivesse inspirado,
Mas aquele suave vento teve só um sabor
O sabor de um corpo apaixonado.
Permiti-me suspirar e olhar para o céu
O azul dava lugar a nuvens brancas de papel,
Flutuando como bichinhos de algodão.
Talvez estivesse em romantismo exagerado,
Mas ao fundo daquela sutil canção
Ouvi a voz sublime de um corpo apaixonado.
Por onde vou andar quando as luzes se apagarem?
Quando a tua célebre presença, sem pudor, as levarem?
Sem direção, necessito de socorro, do teu abraço apertado.
No calor do seu rosto, mais que um corpo apaixonado.
O que vou fazer quando me deixares a sorrir em expectativa?
Talvez nem consciência tenha de que sua partida
É muito mais do que um adeus apressado.
Não há real despedida a um corpo apaixonado.
Mesmo assim voo sublime pelos céus da dolce vita.
Talvez devesse chorar pelo desfecho dessa triste narrativa,
Mas como chorar se vive em mim o universo não mensurado?
Todo o seu encanto e leveza palpita nesse corpo apaixonado.
Pernas para que te quero se tenho asas para voar?
Asas a mim dadas para apenas relembrar
De que dois corpos ainda se encontram sem serem encontrados
Onde a morte da carne une dois corpos apaixonados.