Não existem vidas
mais preciosas
Não existem injustiças
mais dolorosas
Assim afirma a população
enquanto isso nas ruas
desfila sem medo
a escancarada discriminação
A mulher é julgada burra
pelo seu shorts curtos e decotão
O negro é morto pela polícia
ali mesmo no calçadão
Era bandido, diz a comunidade
Era trabalhador diz o patrão
O gay não arranja emprego,
como se não fosse cidadão
Morre o filho da empregada,
a justiça não faz nada
Morre o filho da patroa,
o culpado é qualquer pessoa
Mas nenhuma vida
vale mais que outra não!
Assim afirma e reafirma
A nossa utópica constituição