ENLUTADO
Ausência
E agora?
quem embalará o meu sono?
quem afugentará os meus medos?
quem me cantará as suas alegrias?
então, para quem dedicarei meus versos?
Tua ausência é uma dura presença,
que surge no fundo dos cálices,
deixando os dias nublados mais longos
e que assombra minhas noites vazias
alimentando-se de minha amarga insônia.
Renascimento
Quero dar paz ao teu espírito
que grita dentro de mim,
te presentearei com a vida eterna
nas linhas de minha débil poesia,
eternizarei a tua existência,
te criarei um paraíso em poemas,
serás de quem contarei belas histórias
e para sempre viverás em meus sonhos
porque o poeta é sobretudo um sonhador.
Presença
Deveras, tive lindas primaveras,
aquelas de quando te conheci,
quando bebi teu mel e senti o sabor,
recebi ao vento todo o seu calor,
ah! inebriante perfume da juventude,
fui seduzido pela disfarçada tez inocente,
sem arrependimento, como um inseto na teia
tornei-me refém de sua malícia
e do seu viciante pecado açucarado
que ainda causa arrepios e me traz o rubor.
Eternidade
Delirando em meu verso eu sonho,
em todo poema eu vivo,
sua lembrança é presente,
unimo-nos pelo abismo que nos separa,
com seletas palavras eu crio
e um pouco de mim escondo,
busco os pensamentos que vagam no escuro,
com minhas memórias me assombro,
sentado à cama beijo tua imagem no vazio,
com o peito rasgado pela dor de tua ausência,
saudades tuas eu sinto.