Altofe

ENLUTADO

 

ENLUTADO

 

Ausência

 

E agora?

quem embalará o meu sono?

quem afugentará os meus medos?

quem me cantará as suas alegrias?

então, para quem dedicarei meus versos?

Tua ausência é uma dura presença,

que surge no fundo dos cálices,

deixando os dias nublados mais longos

e que assombra minhas noites vazias

alimentando-se de minha amarga insônia.

 

Renascimento

 

Quero dar paz ao teu espírito

que grita dentro de mim,

te presentearei com a vida eterna

nas linhas de minha débil poesia,

eternizarei a tua existência,

te criarei um paraíso em poemas,

serás de quem contarei belas histórias

e para sempre viverás em meus sonhos

porque o poeta é sobretudo um sonhador.

 

Presença

 

Deveras, tive lindas primaveras,

aquelas de quando te conheci,

quando bebi teu mel e senti o sabor,

recebi ao vento todo o seu calor,

ah! inebriante perfume da juventude,

fui seduzido pela disfarçada tez inocente,

sem arrependimento, como um inseto na teia

tornei-me refém de sua malícia

e do seu viciante pecado açucarado

que ainda causa arrepios e me traz o rubor.

 

Eternidade

 

Delirando em meu verso eu sonho,

em todo poema eu vivo,

sua lembrança é presente,

unimo-nos pelo abismo que nos separa,

com seletas palavras eu crio

e um pouco de mim escondo,

busco os pensamentos que vagam no escuro,

com minhas memórias me assombro,

sentado à cama beijo tua imagem no vazio,

com o peito rasgado pela dor de tua ausência,

saudades tuas eu sinto.